Na Feira de S. Martinho de Anta

S. Martinho de Anta Não há tripas nem meias tripas, há convivência! Já se viu alguém, de alma bem-disposta, saborear tripas à moda do Porto logo pela manhã? Não uma manhã qualquer, mas uma manhã de feira, às dez horas, quando o sol já se insinua pelas encostas, e o vinho tinto — encorpado, cúmplice — acompanha o prato fumegante. Há quem prefira o branco, e fá-lo com a mesma convicção com que se escolhe um caminho entre dois trilhos de terra batida. — Tinto ou branco? — Branco, eu cá sou franco! Não será, pois, um pequeno-almoço no sentido estrito. Talvez o chamem “mata-bicho”, embora essa costumeira aconteça muito mais cedo, quando o dia ainda se espreguiça. E digo “mata-bicho” com reverência, pois nestas terras do interior, as palavras têm peso, têm história, são relíquias vivas que nas cidades do litoral já se ouvem apenas como ecos de um tempo que perde o equilíbrio. Diz-se por aí que as con...